A vida contemporânea cheia de regras e adestramento fez com que houvesse uma padronização completa das pessoas, de tal maneira que todos se comportam do mesmo modo, falam das mesmas coisas, se vestem mais ou menos do mesmo jeito, possuem as mesmas ambições, compartilham dos mesmos sonhos, etc. Ou seja, as particularidades, as idiossincrasias, aquilo que os indivíduos possuem de único, inexistem diante de um mundo tão pragmático e controlado.
Vivemos engaiolados, tendo sempre que seguir o padrão, que se encaixar em normas pré-determinadas, como se fôssemos todos iguais. Sendo assim, a vida acaba se transformando em uma grande linha de produção, em que todos têm que fazer as mesmas coisas, ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, de modo a tornar todos iguais, sem qualquer peculiaridade que possa definir um indivíduo de outro e, por conseguinte, torná-lo especial em relação aos demais.
Somos enjaulados em vidas superficiais e nos tornamos seres superficiais, totalmente desinteressantes, inclusive, para nós mesmos. Sempre conversamos sobre as mesmas coisas com quer que seja, ouvindo respostas programadas pelo padrão, o qual nos torna seres adequados à vida em sociedade.
Entretanto, para que serve uma adequação que transforma todos em um exército de pessoas completamente iguais e chatas, que procuram sucesso econômico, enquanto suas vidas mergulham em depressões?
Qual o sentido de adequar-se a uma sociedade que mata sonhos, porque eles simplesmente não se encaixam no padrão? Uma sociedade que prefere teatralizar a felicidade a permitir que cada um encontre as suas próprias felicidades. Uma sociedade que possui a obrigação de sorrir o tempo inteiro, porque não se pode jamais demonstrar fraqueza. Uma sociedade que retira a inteligência das perguntas, para que nos contentemos com respostas rasas. Então, por que se adequar?
Os nossos cobertores já estão ensopados com os nossos choros durante a madrugada. O choro silencioso para que ninguém saiba o quanto estamos sofrendo. Para manter a farsa de que estamos felizes. Para fazer com que mentiras soem como verdade, enquanto, na verdade, não temos sequer vontade de levantar das nossas camas.
O pior de tudo isso é que preferimos vidas de silencioso desespero a romper com as amarras que nos aprisionam e nos distanciam daquilo que grita dentro de nós, esperando aflitamente que o escutemos, a fim de que sejamos nós mesmos pelo menos uma vez na vida sem a preocupação de agradar aos outros.
Somos uma geração com medo de assumir as rédeas das próprias vidas. E, assim, temos permitido que outros sejam protagonistas destas. É preciso coragem para retomá-las e viver segundo aquilo que arde dentro de nós, mesmo que sejamos vistos como loucos, pois só assim conseguiremos sair das depressões que nos encontramos. É preciso sacudir as gaiolas, já que, como diz Alain de Botton: “As pessoas só ficam realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas”. E, sobretudo, é preciso ser inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude.
Às vezes, confundimos as coisas e achamos, por exemplo, que ser humilde é a mesma coisa que ser submisso. Mas não, não é, mesmo que ambas as palavras sejam frequentemente empregadas como sinônimos.
Uma pessoa humilde não busca ficar no centro das atenções, não por medo ou timidez, não por se sentir inferior, mas por entender que isso não é importante, por saber que ninguém precisa estar no centro para ser centrado. E a pessoa humilde pode até abrir mão de expressar sua própria opinião, não por achar que ela não tenha valor, mas por entender que o que ela pensa, naquele momento, talvez não seja tão importante ou por perceber em certas situações que é mais prudente se calar.
Ser humilde é ser modesto e ter consciência das próprias limitações, é aceitar-se e aceitar os outros e viver de forma simples, natural e despretensiosa, sem vaidade, sem se corromper por valores estranhos e compreendendo que não é melhor que ninguém. Sim, ser humilde é principalmente isso: compreender que não se é melhor que ninguém, pois ninguém neste mundo é melhor que ninguém. Então, a pessoa humilde sabe que também o outro, qualquer outro, não é melhor que ela. E aqui está a principal diferença entre a humildade e a submissão.
A pessoa submissa não se valoriza, acredita não ter os mesmos direitos que (determinadas) outras pessoas, acha-se fraca perante aqueles que vê como mais fortes, permite ser desprezada porque ela mesma se despreza e abre muitas vezes mão de seu lugar neste mundo por se sentir inferior, por acreditar ser alguém de segunda categoria.
Enquanto a humildade é caracterizada por uma forte aceitação de si e dos demais como seres com o mesmo valor, a submissão é marcada pela rejeição de si mesmo e uma supervalorização do outro. Enquanto, então, a humildade é o gesto de amor próprio e ao próximo, a submissão é um gesto de negação de si mesmo, de alguém que não se ama e não se respeita.
Ao ter consciência das próprias limitações, a pessoa humilde sabe também onde estão os limites do outro, não permitindo que ele vá longe demais e não aceitando ser menosprezada, maltratada, humilhada por ninguém. Já a pessoa submissa não conhece esses limites ou talvez até conheça, mas não acredita ter o direito de impô-los, aceitando o menosprezo, os maus-tratos e a humilhação, submetendo-se até mesmo a um rebaixamento moral.
Portanto, está enganado quem acredita que está sendo humilde ao aceitar ser pisado por quem quer que seja, pois isso nada tem a ver com humildade. Isso é submissão.
Outra diferença entre as duas coisas é que a pessoa humilde é humilde sempre, independentemente da pessoa com quem interage. Ela será humilde ao falar com o chefe, com o prefeito, com o Presidente da República e será igualmente humilde ao falar com um empregado, com o zelador do prédio ou com o desabrigado que lhe pede esmola na rua. Novamente: ela entende que todas as pessoas (todas mesmo!) têm o mesmo valor. Já a pessoa submissa costuma se rebaixar diante daqueles que acredita que são mais fortes que ela, mas tenta humilhar alguém que acredite ser mais fraco. Ela aceitará então ser maltratada por seu chefe, mas maltratará o zelador do prédio ou qualquer um que julgue ser inferior.
Para mim, humildade é uma virtude, que devemos incentivar e alimentar. Já a submissão é um desvio, um defeito que precisamos corrigir o mais rápido possível. A humildade liberta, a submissão aprisiona.
Devemos sim nos sentir pequenos, pois somos pequenos, mas diante da criação, do universo, da vida. Mas jamais devemos nos diminuir perante qualquer outra pessoa, já que, na essência, somos todos iguais.
A primeira Nobre Verdade do Buda é que, quando sentimos sofrimento, não significa que alguma coisa está errada. Que alívio! Finalmente alguém disse a verdade! Sofrimento é parte da vida e nós não precisamos achar que ele está acontecendo porque nós, pessoalmente, fizemos a escolha errada.
No entanto, na verdade quando sentimos o sofrimento, acabamos achando que algo está errado. Como estamos viciados em esperança, sentimos que podemos abafar nossas experiências, ou avivá-las, ou modificá-las de alguma forma. E continuamos sofrendo muito.
No mundo da esperança e do medo, nós sempre temos que trocar de canal, trocar a temperatura, trocar de música. Porque algo está ficando desconfortável, algo está ficando impaciente, algo está começando a doer. E nós continuamos buscando alternativas. Em um estado mental não-teísta, abandonar a esperança é uma afirmação. O começo do começo.
Esperança e medo vêm da sensação de que nos falta algo. Eles vêm de uma sensação de pobreza. Nós não conseguimos simplesmente relaxar em nós mesmos. Nós nos agarramos à esperança. E a esperança nos rouba o momento presente. Sentimos que alguém sabe o que está acontecendo, mas que há algo faltando em nós, algo está em falta no nosso mundo.
Em vez de deixar a negatividade tirar o melhor de nós, podemos reconhecer que agora mesmo nos sentimos mal. Essa é uma coisa compassiva a se fazer. Essa é a atitude corajosa a tomar. Podemos cheirar o mal que nos sentimos, podemos sentir! Qual é a textura, a cor e a forma? Podemos explorar a natureza do sentimento. Podemos conhecer a natureza do desgosto, vergonha, e não acreditar que há algo errado nisso. Podemos abandonar a esperança fundamental de que existe um eu melhor, que um dia vai emergir. Nós não podemos simplesmente pular por cima de nós mesmos, como se não estivéssemos lá. É melhor dar uma olhada direta em nossas esperanças e medos. Então, uma espécie de confiança, nossa sanidade básica, surge.
É aí que entra a renúncia. Renúncia da esperança de que nossas experiências podem ser diferentes. Renúncia da esperança de que nós podemos ser melhores. As regras monásticas budistas que recomendam renunciar ao álcool, renunciar ao sexo e assim por diante, não estão indicando que essas coisas são inerentemente más ou imorais. Mas que nós as usamos como baby-sitters. Nós as usamos como um caminho para escapar. Nós as usamos para tentar obter conforto e para nos distrair.
Na verdade, o que renunciamos é à esperança tenaz de que podemos ser salvos de quem somos. Renúncia é um ensinamento que nos inspira a investigar o que está acontecendo cada vez que nos agarramos a alguma coisa porque nós não conseguimos aguentar e encarar o que está por vir.
Se a esperança e o medo são dois lados da mesma moeda, então a desesperança e a coragem também são. Se desejarmos abandonar a esperança para que a insegurança e a dor sejam exterminadas, então podemos conseguir a coragem para relaxar na falta de chão firme de nossa situação. Esse é o primeiro passo no Caminho.
Sem-esperança é o terreno básico. De outra forma estaremos fazendo essa jornada na esperança de obter segurança. Se fizermos a jornada para obter segurança, estaremos nos perdendo completamente da meta.
Nós podemos fazer nossas práticas de meditação com o objetivo de obter segurança; nós podemos estudar os ensinamentos com o objetivo de obter segurança; nós podemos seguir todas as diretrizes e instruções com o objetivo de obter segurança; mas isso só vai nos conduzir à decepção e à dor. Podemos poupar muito tempo a nós mesmos levando esta mensagem muito a sério agora mesmo: comece a jornada sem esperança de obter um chão firme onde pisar. Comece sem-esperança.
Toda ansiedade, toda insatisfação, todas as razões para esperar que nossas experiências possam ser diferentes, estão enraizadas no nosso medo da morte. O medo da morte está sempre no cenário de fundo. É como disse o mestre Zen Suzuki: “A vida é como entrar num barco prestes a zarpar e afundar”. Mas é muito difícil, não importa o quanto escutemos, acreditar na nossa própria morte. Muitas práticas espirituais tentam nos encorajar a levar nossa morte a sério, mas é impressionante como é difícil permitir que isso aconteça. A única coisa na vida que nós realmente podemos contar, é incrivelmente distante para todos nós. Nós não chegamos ao ponto de dizer: de jeito nenhum, eu não vou morrer! Porque é claro que nós sabemos que vamos. Mas definitivamente é mais tarde, essa é a maior esperança.
Somos criados em uma cultura que teme a morte e a esconde de nós. No entanto, nós a experimentamos o tempo todo! Nós a experimentamos na forma de decepção, na forma de coisas que não funcionam. Nós a experimentamos na forma de coisas constantemente em um processo de mudança. Quando o dia acaba, quando o segundo acaba, quando respiramos, essa é a morte na vida diária. A morte na vida diária também pode ser definida como a experiência de todas as coisas que não queremos: nosso casamento não está funcionando, nosso trabalho não está satisfatório.
Ter uma relação com a morte na vida diária significa que nós começamos a ser capazes de esperar, a relaxar na insegurança, no pânico, na vergonha, nas coisas que não estão funcionando. Conforme os anos passam, nós não chamamos as babás tão rapidamente. A morte e a não-esperança dão a motivação adequada. Motivação adequada para viver uma vida contemplativa e compassiva. Mas a maior parte do tempo, evitar a morte é nossa maior motivação. Nós tendemos a evitar qualquer sensação de problema. Nós sempre tentamos negar que é uma ocorrência natural que as coisas mudam. Que a areia está escorrendo entre nossos dedos. O tempo está passando. Isso é tão natural quanto a mudança das estações, e o dia se transformando em noite. Mas ficarmos velhos, ficarmos doentes, perdermos o que amamos, nós não vemos esses eventos como ocorrências naturais. Nós queremos evitar essa sensação de morte, não importa como.
Relaxar no momento atual, relaxar na falta de esperança, relaxar na morte, não resistindo ao fato de que as coisas acabam, as coisas passam, de que as coisas não têm uma substância duradoura e que tudo está mudando o tempo todo. Essa é a mensagem básica.
Sábio não é aquele que acumula muitos conhecimentos e experiências, e sim aquele que sabe usar de forma eficaz cada coisa aprendida, e além disso é capaz de ignorar tudo aquilo que não é útil, que não lhe permite crescer para avançar como pessoa.
Viver é, no fim das contas, economizar e saber o que é importante. Agora, parece que a maioria de nós não aplica esta simples regra: segundo um estudo realizado pela Universidade de Harvard, as pessoas têm uma capacidade surpreendente de concentrar a sua atenção em coisas que “não estão acontecendo”. Isto é, nos preocupamos com aspectos que não são importantes, minando a nossa própria capacidade de sermos felizes no “aqui e agora”.
A primeira regra da vida nos indica que a pessoa mais sábia é aquela que sabe ser feliz e que é capaz de eliminar da sua existência tudo aquilo que lhe faz mal ou que não é útil.
A arte de saber ignorar não é nada fácil de aplicar em nosso dia a dia. Isso se deve ao fato de que ignorar supõe, muitas vezes, nos afastarmos de certas situações e inclusive de certas pessoas. Portanto, estamos frente a um ato de autêntica valentia, que vem precedido sempre de uma avaliação inteligente.
Ignorar é aprender a priorizar.
Ser feliz é a arte da escolha pessoal. Podemos ter sorte em um dado momento, mas na maioria das vezes a felicidade vai depender de nós mesmos e das decisões que tomarmos.
Para isso, é necessário adquirir uma perspectiva não apenas mais positiva das coisas, como também mais realista, onde o autoconhecimento e a autoestima sempre serão fundamentais.
A vida é muito curta para nos alimentarmos de amarguras e de frustrações: descarregue as suas lágrimas, ignore as críticas e rodeie-se daqueles com quem você se importa e que acrescentem algo para você de verdade.
Como aprender a estabelecer prioridades.
Para aprender a estabelecer prioridades é preciso dar a cada coisa que nos rodeia o seu autêntico valor. Não o que pode ter de forma objetiva, e sim o que pode acumular em função das nossas necessidades e desejos. Para isso, é preciso seguir estas dimensões.
Se para você é difícil escolher entre o que é importante e o que não é, é porque você tem um conflito interno entre as coisas que você quer e as que você sabe que lhe convêm.
Existe o medo de “ficar mal”, “ferir” ou inclusive de agir de uma forma diferente de como os outros esperam se nos atrevermos a quebrar vínculos.
Quanto maior o nível de estresse e ansiedade, mais difícil será estabelecer prioridades. Portanto, reflita sobre quais situações e quais pessoas têm valor real para você em momentos de calma pessoal, quando você se achar mais equilibrado e relaxado.
Pense naquilo que é importante para você e não para os outros; não tema as críticas alheias ou o que possam pensar em função das decisões que você quer tomar.
Entenda que priorizar não é apenas ignorar o que nos prejudica, é reorganizar a vida para encontrar espaços próprios para ser feliz.
Ignorar certas pessoas também é saudável
Segundo um trabalho interessante publicado na revista Live Science, os relacionamentos pessoais que causam estresse ou sofrimento afetam a nossa saúde mental. Experimentamos um aumento do cortisol no sangue e na pressão arterial, a ponto de aumentar o risco de sofrermos problemas cardíacos severos. Não vale a pena.
Aprender a ignorar quem não nos acrescenta nada
Não se trata de brigar, nem de usar ultimatos ou chantagens. Saber ignorar é uma arte que pode ser realizada com elegância e sem chegar a extremos desnecessários. Para isso, tenha em mente estes aspectos para refletir.
Não se preocupe com o que você não pode mudar: aceite que esse familiar continuará tendo essa atitude fechada, que o seu colega de trabalho vai continuar sendo intrometido. Deixe de acumular emoções negativas como raiva ou a frustração e limite-se a aceitá-los do jeito que são.
Ignore críticas alheias enquanto você aumenta a sua própria confiança. É muito provável que, na hora em que você decidir tomar distância de quem não interessa, apareça a rejeição. Entenda que as críticas não definem você, elas não são você. Fortaleça a sua autoestima e saboreie cada passo que você dá em liberdade, longe de quem o prejudica. É um triunfo pessoal.
Quando a ajuda é uma atitude interessada: é importante aprender a discriminar essas atitudes de supostos altruísmos. Há quem repita sem parar essa expressão de “eu faço tudo por você, para mim você é o mais importante”, quando na verdade a balança desse relacionamento sempre pende para um lado que não é o seu. Nunca existe o equilíbrio.
Quanto mais leve, melhor.
Na vida, vale a pena contar com “pessoas” e não acumular “gente”, portanto, priorize e avance leve: leve de aborrecimentos, raiva, frustrações e principalmente de pessoas que, longe de valer a alegria, só valem penas e distâncias.
A arte de ser sábio é compreender quais vínculos é melhor deixar de alimentar sem ter nenhum peso na consciência por ter dito “não” a quem jamais se preocupou em dizer “sim”.
A literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no currículo das escolas? Por quê?
"Os romances retratam o indivíduo na sociedade, seja por meio de Balzac ou Dostoiévski, e transmitem conhecimentos sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante, nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. As grandes obras de arte, como a música de Beethoven, desenvolvem em nós um sentimento vital, que é a emoção estética, que nos possibilita reconhecer a beleza, a bondade e a harmonia. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como conhecimento secundário."
Os Sioux têm um provérbio muito interessante: “Antes de julgar uma pessoa, caminha três luas com seus sapatos”. Se referem ao fato de que julgar é muito fácil, entender o outro é um pouco mais difícil. Ser empático é muitíssimo mais complicado. E o julgamento só será justo se vivermos experiências iguais.
Entretanto, com frequência pretendemos que os outros nos entendam, que compreendam nossas decisões e as compartilhem, ou que, ao menos, nos apoiem. Quando não fazem o que queremos, nos sentimos mal, nos sentimos incompreendidos e até rejeitados.
É evidente que isso é difícil de aceitar, todos necessitamos que, em algumas situações, alguém acolha nossas emoções e decisões. É perfeitamente compreensível. Contudo, sujeitar nossa felicidade à aceitação dos demais ou tomar decisões com base no medo de que os outros não vão nos entender é um grande erro. Um grande e inominável erro.
Porque os que os outros pensam sobre você na realidade diz mais sobre eles do que sobre a sua pessoa. O que pensam reflete, com certeza, o que são eles, não quem é você.
Quando criticamos alguém sem usar a empatia de nos colocarmos em seu lugar e sem, ao menos, tentar compreender o ponto de vista do outro, na realidade expomos nossa forma de ser. Quando alguém diz ao mundo que você é uma má pessoa esta atitude revela que ela é insegura, tem um pensamento duro e cheio de estereótipos.
Quem critica o que não é, não compreendeu ou não quer aceitar.
O mais certo é que por trás de uma crítica destrutiva quase sempre se esconde o desconhecimento ou a negação de si mesmo. Na verdade, muitas pessoas lhe criticam porque não compreendem suas decisões, não caminham com os seus sapatos, não conhecem a sua história e não entendem a verdadeira razão de ter escolhido o caminho que escolheu. Muitas pessoas ainda vão lhe criticar por desconhecimento mais profundo sobre o seu jeito e, sobretudo, por serem arrogantes e pensarem que são os donos absolutos da verdade.´
Em outros casos, as pessoas lhe criticam porque veem refletidas em você certas características ou talentos que não querem reconhecer. O escritor francês Jules Renard afirmou com precisão:“Nossa crítica consiste em reprovar nos outros as qualidades que cremos ter”. Por exemplo, uma mulher que é maltratada pelo seu marido pode criticar duramente o divórcio. É uma forma de reafirmar sua posição. Diz a si mesma que deve seguir suportando essa situação. E o curioso é que quanto mais tóxica seja a crítica, mais forte se revela a negação dos seus sentimentos.
Na prática, em algumas ocasiões, a crítica destrutiva não é mais do que um mecanismo de defesa conhecido como projeção. Neste caso, a pessoa projeta nos outros os mesmos sentimentos, desejos ou impulsos que lhe são muito dolorosos. E com os quais não é capaz de conviver. De maneira que os percebe como algo estranho e que deve ser castigado.
Como sobreviver às críticas?
Ninguém gosta de ser criticado, principalmente se as críticas se transformam em duros ataques verbais. Infelizmente, nem sempre podemos evitar estas situações, mas devemos aprender a lidar com elas sem que as mesmas nos afetem em excesso.
Como faço para resolver isso? Aqui estão algumas estratégias diferentes, porém eficazes:
1.Coloque-se no lugar de quem lhe critica. A empatia é um poderoso antídoto contra a raiva. Não podemos ter raiva de alguém quando compreendemos como se sente. Por isso, da próxima vez que alguém lhe criticar, tente se pôr no seu lugar. Ainda que essa pessoa não seja capaz de se colocar no seu. Assim verá que é provável que se trate de alguém míope dos olhos da alma. Ou quem ainda não teve a sua experiência de vida e guarda muita amargura e ressentimento. Dessa forma, perceberá que não vale a pena se aborrecer pelas palavras ditas com raiva.
2.Entenda que é somente uma opinião, nada mais.O que os outros pensam sobre você é a realidade deles, não a sua realidade. Tais pessoas estão lhe julgando segundo as suas experiências, valores e critérios. Se tivessem caminhado com os seus sapatos, talvez andado pelos mesmos caminhos que você percorreu, é provável que pensariam diferente. Portanto, assume de vez que essas críticas, na realidade, são apenas opiniões jogadas ao vento, nem mais nem menos. E que são absolutamente tendenciosas. Por lado lado, você pode valorizá-las se perceber que pode tirar proveito delas. Mas você pode, simplesmente, desprezá-las; jamais permita que as críticas arruínem o seu dia.
3.Devolve a crítica com graça. Quando se trata de críticas destrutivas o mais conveniente é fazer “ouvidos moucos”. E saiba que essa pessoa não está aberta ao diálogo. Pois se estivesse, em vez de julgar e atacar, mostraria uma atitude mais respeitosa e compreensiva. Não obstante, haverá casos em que seja necessário dar um basta na situação. Depois de tudo, quando tivermos que enfrentar males extremos, devemos recorrer a soluções mais incisivas. Nestes casos, responda sem se alterar e com frases breves que não deem motivos às réplicas. Por exemplo, você pode dizer: “Não pode dar opinião sobre coisas que você não conhece” ou “Creio que não entendeu e tampouco deseja viver em paz. Dessa forma, não aceito que me critique”. Não critique sem pensar antes
“Em geral, os homens julgam mais pelos olhos do que pela inteligência, pois todos podem ver, mas poucos compreendem o que veem”, disse Maquiavel, séculos atrás. Podemos fazer nossa própria frase e, ainda assim, mantermos sua vigência: “Criticar por criticar significa que temos a língua fora do cérebro”.
Não devemos aceitar as falsas demonstrações de estima de quem sabemos não gostar de nós, de quem adora puxar tapetes, de quem não deixa de falar mal daquele que não estiver presente. Essas pessoas devem ter a certeza de que as conhecemos de fato e temos certeza de que a estima delas não procede.
Para evitarmos dores de cabeça desnecessárias e decepções descabidas, é preciso que tenhamos a consciência de que jamais, em hipótese alguma, conseguiremos agradar a todos, tampouco seremos queridos sinceramente pela maioria das pessoas com quem convivermos. Dessa forma, conseguiremos aceitar com mais tranquilidade as decepções que pontuarão os encontros e desencontros de nossa jornada.
Na verdade, a transparência sempre será bem vinda, onde e com quem estivermos, ou seja, sabermos com quem estamos lidando nos ajudará a estabelecer os limites entre o que temos de melhor e a falsidade alheia. Ninguém é obrigado a gostar de nós, porém, todos temos o dever de não fingir aquilo que não sentimos, porque o respeito deverá ser mantido, ainda que diante de pessoas com quem não temos a mínima afinidade.
Poderemos discordar do outro, não nos sentir muito bem perto dele, não querer que ele seja amigo, mas certas situações nos colocarão junto dele, inevitavelmente, seja no emprego, na roda de amigos em comum, onde for, o que importa é mantermos nossa relação com ele estritamente no nível necessário. Difamar alguém, tratá-lo mal, colocá-lo em situações vexatórias, ou mesmo exagerar no sorriso junto dele, tudo isso nos tornará ainda piores do que achamos que ele seja.
Da mesma forma, não poderemos aceitar as falsas demonstrações de estima de quem sabemos não gostar de nós, de quem adora puxar tapetes, de quem não deixa de falar mal de quem não estiver presente. Essas pessoas devem ter a certeza de que as conhecemos de fato e temos certeza de que a estima delas não procede. Levar adiante o que não é verdadeiro não trará nada de bom a ninguém e, pior, provavelmente a verdade se revelará de maneira desagradável.
A verdade sempre será a nossa melhor defesa contra as armadilhas de gente que tenta derrubar qualquer um que atrapalhe sua percepção doentia de mundo. Não gostar de alguém é normal, mas ser antiético, maldoso e desleal com quem não gostamos nos torna desprezíveis. O melhor a se fazer é não ir além do que a vida pede junto a essas pessoas, enquanto mergulhamos nos relacionamentos que alimentam o nosso coração, abraçando e acolhendo gente querida, gente que transpira amor recíproco.
Envelhecer é um privilégio, uma arte, um presente. Somar cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e fazer aniversário deveria ser sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo que estar aqui representa.
Todas as nossas mudanças físicas são reflexo da vida, algo do que nos podemos sentir muito orgulhosos.
Temos que agradecer pela oportunidade de fazer aniversário, pois graças a ele, cada dia podemos compartilhar momentos com aquelas pessoas que mais gostamos, podemos desfrutar dos prazeres da vida, desenhar sorrisos e construir com nossa presença um mundo melhor…
As rugas nos fazem lembrar onde estiveram os sorrisos
As rugas são um sincero e bonito reflexo da idade, contada com os sorrisos dos nossos rostos. Mas quando começam a aparecer, nos fazem perceber quão efêmera e fugaz é a vida.
Como consequência, frequentemente isso nos faz sentir desajustados e incômodos quando, na verdade, deveria ser um motivo de alegria. Como é possível que nos entristeça ter a oportunidade de fazer aniversário?
Porque temos medo de que, ao envelhecermos, percamos capacidades. Porque pensamos na velhice como um castigo, de maneira pejorativa e humilhante. Do mesmo modo, fazer aniversário nos faz olhar para trás e nos expõe ao que fizemos durante nossa vida.
Dizer obrigado por cada ano completo
Deveríamos agradecer à vida pela oportunidade de permanecer e de ter a capacidade e a consciência de desfrutar. Que sentido tem nos lamentarmos e nos queixarmos por termos possibilidades? Não é verdade que daríamos o que fosse para ter aqueles que perdemos do nosso lado? Por que não colocamos vontade na vida e deixamos de dissimular nosso caminhar?
Fazer aniversário deveria ser um motivo de alegria. Cada dia conta com 1440 minutos de novas opções, de maravilhosos pensamentos, de centenas de matizes em nossos sentimentos. Cada segundo nos faz mais capazes de experimentar e de aproveitar todas as opções que surgem ao nosso redor.
Cada ano é uma medalha, uma oportunidade para acumular lembranças, para fazer nossos os instantes, para soprar as velas com força e orgulho. Deseje continuar cumprindo sonhos, segundos, minutos, horas, dias, meses e anos… E, sobretudo, poder celebrá-los com a vida e com as pessoas que o rodeiam.
Abaixo, um sábio texto de José Saramago sobre o assunto:
QUANTOS ANOS TENHO?
Tenho a idade em que as coisas se olham com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a se acariciar com os dedos e as ilusões se tornam esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma louca labareda, ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão desejada. E outras, é um remanso de paz, como o entardecer na praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número marcar, pois meus desejos alcançados, as lágrimas que pelo caminho derramei ao ver minhas ilusões quebradas…
Valem muito mais do que isso.
O que importa se fizer vinte, quarenta, ou sessenta!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que preciso para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pelo atalho, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus desejos.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa!
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e sinto.
José Saramago
Não se lamente por envelhecer. A vida é um presente que nem todos temos o privilégio de desfrutar. É um frasco de suspiros, de tropeços, de aprendizagens, de prazeres e de sofrimentos. Por isso, em si mesma, é maravilhosa.
E também por isso é imprescindível aproveitar cada momento, fazê-lo nosso, nos sentirmos afortunados. Acumular juventude é uma arte que consiste em fazer com que seja mais importante a vida dos anos do que os anos de vida.
Não é tão importante se somamos cabelos brancos, rugas ou se nosso corpo nos pede trégua a cada manhã. O que verdadeiramente é relevante é crescer, porque no final das contas, fazer aniversário é inevitável, mas envelhecer é opcional.
Ninguém gosta de ouvir mentiras. Não gostamos das mentiras piedosas, nem de que decidam por nós o que devemos saber ou não. Se a verdade vai nos machucar, somos nós quem temos que decidir isso.
As pessoas têm a mania de ocultar coisas que fazem, dizem ou pensam porque acreditam que assim evitam fazer mal aos outros. Mas não, na verdade não há nada tão dilacerante quanto a mentira, a omissão e a hipocrisia. Com eles, nos sentimos pequenos e vulneráveis, e ao mesmo tempo, gera-se desconfiança e insegurança frente ao mundo.
Ao longo de nossa vida, sofremos e choramos por centenas de situações causadas pelos outros. Entretanto, todos esses sentimentos e emoções nunca são inúteis; pelo contrário, grande parte do nosso aprendizado é mediado pela dor.
Do mesmo modo, sofrer nos faz compreender e conhecer a nós mesmos, entender que somos fortes e que nada dura para sempre. Dessa forma, conseguimos administrar nossas emoções.
Nossa vida é nossa. Devemos vivê-la como quisermos e não como julgam os outros. Decidiríamos por alguém a quem ele ou dela deve amar e de que maneira? Não, isso é uma loucura. É injusto tentar decidir pelos outros.
Dizer as coisas cara a cara é ser sincero, nada mais e nada menos. As pessoas confundem isso com a falta de educação, de tato ou de prudência.
Como a sinceridade é um termo que leva a confusões e cada um tem sua própria versão do conto, vejamos algo mais sobre ela.
Ser sincero não quer dizer que devemos falar tudo o que nos vem à cabeça, de forma brusca ou a qualquer momento. Ser sincero com critério, empatia e ética não significa maquiar a realidade, mas adequar sua comunicação ao momento e à pessoa.
A sinceridade faz com que encontremos companheiros, gente leal, íntegra. Ou seja, boa gente. Como é óbvio, muitas vezes a intenção não é ruim, mas devemos saber que ao não dizer a verdade, estamos faltando ao respeito com a pessoa “afetada”.
De fato, mentindo para alguém privamos tal pessoa da oportunidade de dirigir sua dor e aprender a lição que ela tem que aprender. Por isso, é algo tremendamente injusto e abusivo.
A sinceridade nunca dói, o que dói são as realidades. Ser sincero sempre é um grande gesto, apesar de tudo e de quem for. Entretanto, pode acontecer de alguém preferir viver em um mundo de fantasia, sem querer enxergar a realidade. Nesse caso, tudo é respeitável.
Entretanto, o mal de mentir ou de ocultar a verdade é que a partir daí ficam em dúvida mil verdades que quebram a confiança, a segurança e os sentimentos de amor mais potentes.
Em resumo, a verdade constrói e a mentira destrói. Cada um de nós está capacitado para assumir a realidade do que nos corresponde e, portanto, de resolver os possíveis danos que possamos sofrer.
Não podemos viver esperando que a vida seja um caminho de rosas nem para nós, nem para os outros. Assim, sempre que nos corresponda, deveríamos optar por sermos sinceros e não privar as pessoas da oportunidade de crescer superando as adversidades ou desconfortos de sua própria existência.
Lembremos que proteger alguém de um dano com a possibilidade de causar outro ainda pior não faz sentido.
Nunca compreendi tão bem esse conto do José Saramago como hoje. O livro chama-se “O conto da ilha desconhecida”. Ganhei esse livro há alguns anos, tinha lido na época, e recentemente o reli. A releitura mostrou-me aspectos que tinham passado quando o li da primeira vez, mas somente a vida real mesmo me fez compreender essa frase – “É necessário sair da ilha para ver a ilha” – que tantas vezes é compartilhada em redes sociais, displicentemente, sem que quem compartilha consiga compreender a profundidade dela. Até porque, a frase faz parte do conto e fica um tanto quanto desprovida de seu sentido quando pinçada e tirada de seu contexto.
O conto é sobre um homem que resolve pedir ao rei uma embarcação para sair em busca de uma ilha desconhecida. No entanto, conforme descrito no conto, todos sabem que não há mais ilhas desconhecidas. Todas as ilhas já foram devidamente descobertas e mapeadas, catalogadas, conforme se espera. O homem, no entanto, insiste e diz que não vai sair de frente do castelo se o rei não conceder a ele a embarcação para sair em busca da tal ilha. Como há muitas pessoas fazendo pedidos ao rei e aquele homem ameaçava a ordem e a paz do reino, o rei cede e fornece a embarcação. O homem, então, vai ao barco, acaba arrumando a companhia de uma mulher que trabalhava no castelo, mas que também anseia deixar essa ilha conhecida em busca da ilha desconhecida, e parte em sua busca. E eis que no final, eles dão ao barco o nome de Ilha Desconhecida.
Quando li a primeira vez achei estranho e sem graça esse final. Ora, eles queriam encontrar uma ilha ou um barco? O barco era a ilha? Essa releitura que fiz me mostrou o que não compreendi na primeira vez que li. O barco é a ilha desconhecida, porque a ilha desconhecida é a nossa vida, somos nós.
Ele ia partir dessa “ilha conhecida”, de scripts prontos, já pré-formatada que vivemos, em busca da vida que ele queria construir e viver, do caminho que ele queria traçar e seguir. Em busca da construção, por ele mesmo, por suas próprias mãos, de sua vida, de seu caminho, de seu percurso. Ele é a ilha desconhecida. Somos todos ilhas desconhecidas.
O que o conto nos diz de forma muito inteligente é que sim, há ilhas desconhecidas, muitas, diversas. Não estão todas mapeadas, o caminho a se seguir não está no mapa, não está pré-traçado. Mas, por que é preciso sair da ilha para ver a ilha? Ora, porque estando na ilha você não consegue, mesmo, ver que há opções. Só conseguimos ver que há uma ilha quando assistimos à história de fora, quando vemos todos os personagens e cenários, quando percebemos que temos participação ativa nessa história, que somos na verdade os protagonistas dela.
Que não somos personagens que vivem scripts. Que temos nosso papel e que podemos e devemos assumir o controle da nossa embarcação, da nossa vida, da nossa ilha desconhecida. Que só conhecendo a ilha, conhecendo nós mesmos, conseguimos esse protagonismo. Entendemos que podemos e devemos tomar o controle da embarcação e que se errarmos o rumo, não calcularmos direito os provimentos, se não conseguirmos manter o barco firme durante as incontáveis e imprevisíveis tempestades, somos nós que sofreremos as consequências e teremos que lidar com elas. Não é o rei. Não é o reino. Somos nós. Sou eu. É você.
Somos todos ilhas desconhecidas. O que aprendi recentemente a duras penas é que a saída da ilha para ver a ilha é um processo pessoal e intransferível. Não há como convencer alguém a ver a ilha de fora, porque a pessoa não vê a ilha. Na maioria das vezes, a tendência é ela achar que você está louco e que, como já disse o rei, não há ilhas desconhecidas, pois todas já foram mapeadas. Você acena feito louco, tenta mostrar, conta como viu a ilha, mas não adianta. Só vê a ilha quem quer ver a ilha e o impulso para que isso aconteça tem que ser muito grande, porque, por ser desconhecida, essa ilha que somos nós é bastante assustadora a princípio.
Poucos são os que sentem coragem em enfrentar o oceano sem o mapa, sem a diretriz, sem o capitão direcionando, sem um rumo certo, tendo que decidir metro a metro tudo o que vai acontecer e sem saber se está indo na direção certa, porque, não há mapa. É um processo difícil, mas necessário e sem volta. E depois se acostuma com essa liberdade de decisão do rumo, que vem sempre associada à “náusea” – emprestando o termo usado por Sartre – que é justamente a angústia de dirigir sozinho o barco da nossa própria vida. A nossa ilha desconhecida, que somos nós.